Escrito por Ashley Poston, o livro é perfeito para quem gosta de contos de fadas.
Se você ainda não conhece a história, Entre Feras e Flores (título original: Among the Beasts and Briars) conta a história de Cerys, uma garota comum que vai precisar superar seus medos e atravessar a Floresta Selvagem para salvar o seu lar.
A edição da Literalize tem 368 páginas impressas em papel amarelado, guardas coloridas e capa dura. O lançamento oficial é em 26 de maio de 2022.

A capa é uma adaptação do projeto original de Corina Lupp, com arte de Raku Inoue e lettering de Juliana Moore.
Leia a sinopse completa:
A Floresta roubou tudo o que ela tinha. Enfrentá-la é sua única esperança.
Quando uma nova rainha é coroada, perigos há muito esquecidos emergem da Floresta Selvagem e começam a aterrorizar o reino de Aloriya.
Cerys, filha do jardineiro real, conhece muito bem esses perigos: há muitos anos, uma excursão à Floresta matou sua mãe, seus amigos, e a mudou para sempre.
No meio do caos, ela é forçada a fugir com nada além de sua magia e dois companheiros inusitados. O plano deles? Atravessar a Floresta Selvagem, encontrar a Senhora da Natureza e convencê-la a salvar o seu lar.
Nessa jornada sombria e perigosa, segredos serão revelados, destinos serão selados e Cerys terá que dar tudo de si para sobreviver.
O lançamento oficial do livro é em 26 de maio de 2022, e a pré-venda já está aberta! Conheça os brindes exclusivos da nossa campanha de pré-venda e lançamento:
Marcador com tassel

O marcador com tassel, item queridinho das nossas pré-vendas, está de volta! Dessa vez, com a arte da capa de Entre Feras e Flores e com pingente avermelhado. O marcador tem 5x18cm, com impressão dos dois lados.
Placa decorativa

Nós adoramos variar os brindes dos nossos lançamentos, e o escolhido da vez foi essa placa decorativa! A arte exclusiva foi feita pela Carol, do Rabisco de Letras, que já trabalhou com a gente nos brindes de Uma Melodia de Sombras e Ruínas e Encanto dos Corvos. A frase que escolhemos dessa vez é cheia de significado na história e ilustra muito bem a jornada da nossa protagonista, a Cerys. A placa é feita em material rígido, resistente, com impressão de alta qualidade e tamanho de 15x22cm. É perfeita pra colar na parede ou usar pra decorar aquele cantinho da estante!
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Brindes exclusivos da pré-venda: marcador com tassel e placa decorativa com arte exclusiva.
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Disponível em breve.
Ainda não se convenceu? Leia as primeiras páginas do livro:
Dizem que o primeiro rei de Aloriya nasceu com fogo no sangue. Em uma época quando a floresta amaldiçoada que margeava Aloriya esbravejava e ameaçava os limites do reino; a mesma floresta amaldiçoada que afligia o povo local desde quando podiam se lembrar, mas ele não teve medo. Ele pôs abaixo a mata, abrindo caminho pela floresta até a cidade mágica de Voryn, e fez um acordo com a Senhora da Natureza. Ele pediu por algo simples: que Aloriya fosse protegida dos monstros que espreitavam a floresta que a Senhora governava.
Dizem que ela teve piedade do rei, pois ele ousou adentrar em sua floresta amaldiçoada, então o presenteou com uma coroa que protegeria o povo dele; mas, porque ela temia a magia do homem, a Senhora o fez prometer que nem ele, nem qualquer aloriyano, jamais voltariam à cidade dela. A floresta às margens de Aloriya estaria proibida para todo o povo do rei. O homem concordou.
Por trezentos anos, Aloriya prosperou. A coroa foi passada de pai para filho, de rei para herdeiro, e não houve monstros, fome, pragas nem guerras.
E a cidade de Voryn, escondida nas profundezas da floresta amaldiçoada, tornou-se uma lenda.
Dizem que a Senhora da Natureza presenteou o Rei Sunder com uma coroa gloriosa.
É mentira.
1
A VILA-NO-VALE
Cerys
A Floresta Selvagem nos tocou no dia em que o rei morreu.
No começo, foram apenas manchinhas em uma orquídea e pontinhos pretos apodrecidos que as pessoas nem notaram. Eu não dei muita atenção àquilo. Não parecia ser nenhuma praga que eu conhecia; ainda assim, como de costume, mordi o dedão até sentir o gosto de sangue na língua, então derramei uma gota dele sobre o coração da flor moribunda.
Ela desabrochou de novo, e as pétalas azul-pálidas se abriram, chegando ao tamanho da palma da minha mão. Afinal, eu precisava de um buquê com o qual presentar a lady Ganara na coroação daquela noite. Um pouquinho de sangue nunca machucou coisa alguma. E, de qualquer maneira, ninguém sabia o que eu estava fazendo. Coloquei a flor de volta no vaso, ao lado da mosquitinho e de alguns brotos de jacinto-dos-bosques. Papai me dizia para usar o meu talento,por falta de palavra melhor, com moderação. A filha de um jardineiro com um sangue que era capaz de cultivar florestas inteiras? Apenas a família real tinha magia no sangue. Então o que Aloriya pensaria quando descobrisse que eu também trazia comigo um pouquinho de magia? Apesar de o meu poder ser ínfimo, tinha certeza de que eu viraria o assunto da cidade. E não por um bom motivo.
— Bom dia, brotinho! — cumprimentou-me papai ao entrar pela porta da frente da loja. Ainda na entrada, bateu a terra das botas e pendurou o casaco. — Que dia lindo para uma coroação!
— Não fale isso, para não dar azar — falei, preparando um cartãozinho para o buquê. Lady Ganara, escrevi com a minha letra cursiva firme e distinta.
Papai rebentou uma risada.
— E o que poderia dar errado? O céu está limpo, o sol está forte e a primavera está no ar… consigo até sentir o gostinho dela.
— Sei… Prepare-se para a chuva bem quando Wen for enunciar os votos. “Ah, ficarei honrada em aceitar essa coroa… depois da chuvarada” — imitei o pesado sotaque aloriyano da princesa, prestes a se tornar rainha. Tirei do balcão a coroa de margaridas que eu fiz ontem, coloquei-a na cabeça e arremedei o aceno real para todas as flores da loja. — Ah, muito obrigada por virem! Sinto-me honrada por ter arruinado todas essas suas roupas chiques na noite de hoje.
Papai riu ainda mais alto ao escapulir para a cozinha do lado de fora da loja. Em busca de uma xícara, fez os armários tilintarem, então serviu-se um café. Era cedo, e ele já cheirava a terra e flores recém-colhidas, vestindo um macacão marrom empoeirado e botas surradas, mastigava um talo de hortelã. A pele queimada pelo sol exibia diversas manchinhas por conta da idade, mas os olhos cinzentos brilhavam, como os meus.
— Estou com a sensação de que não vou conseguir voltar à vila hoje. O castelo está uma confusão sem tamanho, e a senescal, prestes a perder a cabeça de tão estressada.
— Pobre Weiss. Tenho pena dela.
— Eu não — resmungou papai, apoiando-se no batente da porta da cozinha que dava na pequena floricultura na parte da frente da casa. A loja fazia parte da construção. Papai e eu morávamos no andar de cima, mas a cozinha ficava embaixo. Saindo pela porta dos fundos, tínhamos os jardins, onde cultivávamos grande parte das nossas flores. — Aquela megera velha gritou de novo comigo hoje cedo.
— Provavelmente porque você voltar a andar com as botas sujas de lama por todo o castelo.
— Eu fiz isso uma única vez, e foi uma emergência!
Bufei. O que o meu pai considerava uma emergência era mostrar alguns trevos-de-quatro-folhas ao rei Merrick. Ou algumas rosas, sobre as quais eu havia acidentalmente sangrado e conferido a elas estranhos tons de roxo. Eu duvidava muito que qualquer uma dessas ocorrências tenha sido uma emergência de verdade. O falecido rei fora o melhor amigo de papai, uma das razões pelas quais a princesa Anwen era a minha. Ele estava no cômodo quando o rei deu o último suspiro há duas noites. Mal tivemos tempo de lamentar a morte dele, pois o reino seria herdado pelos filhos…
Pela filha, corrigi-me. Porque não mais havia mais dois herdeiros.
Papai parecia ter se lembrado da mesma coisa.
— Parece que não aconteceu. É como se ele estivesse aqui ainda… Continuo esquecendo.
— Eu sei — disse, baixinho.
Ele ficou parado, em silêncio, por mais alguns segundos. Então piscou os olhos marejados e pigarreou.
— Bem! Essa protelação não vai servir de nada; temos trabalho a fazer. — Ele enroscou os polegares nas alças do macacão e se dirigiu à frente do balcão, deu uma olhada nos buquês que estavam prontos para serem buscados, mas demorou-se no de lady Ganara. — Pelos dentes do rei, que orquídeas azuis mais lindas! — Papai inclinou-se para cheirá-las, e franziu o nariz.
Apesar de a magia não poder ser vista, ela exalava um aroma distinto que perdurava por um tempinho onde quer tivesse sido usada. O cheiro era parecido com o da Floresta Selvagem, como o de um bosque iluminado pelo sol depois de uma chuva forte. Orquídeas não tinham esse cheiro. Ele me olhou feio.
— Cerys…
— Eu sei, mas duvido que ela perceba. Ontem, as flores estavam bem, mas, hoje cedo, encontrei-as cheias de pontinhos pretos esquisitos.
— Pontinhos de que tipo?
— Apodrecidos, acho. Eram estranhos, mas me livrei deles. Usei apenas uma gota, não entendo qual é o problema. É apenas magia, como a que a Wen e a família dela têm.
A boca de papai se transformou numa linha fina. Segurou as minhas mãos nas dele e virou-as para encontrar a ferida no meu dedo.
— Você precisa tomar cuidado. Nossa cidade, nossa vila, te ama muito. Não estou preocupado com a reação deles quando descobrirem que você tem magia. Mas existe magia… e existem maldições.
— E o que eu tenho é uma maldição, eu sei disso.
Ele apertou as minhas mãos com força.
— A Floresta te tocou, mas não a roubou de mim.
Desviei o olhar.
Papai soltou as minhas mãos.
— O que acha de adicionar mais alguns brotos de mosquitinho para encobrir o cheiro? Depois, feche a loja ao meio-dia e leve consigo a última meia dúzia de buquês quando for ao castelo.
— Não se esqueça das chaves do jardim — lembrei-lhe, quando se virou para a porta da frente.
Ele estalou os dedos e voltou para buscá-las no ganchinho da cozinha. Ao passar novamente pelo balcão, beijou a minha testa.
— O que eu faria sem você, brotinho?
— Esqueceria a própria cabeça.
Ele riu.
— Te vejo num floreio.
— Num floreio — concordei, e observei-o atravessar a porta e seguir andando em direção à vila. Ele pegaria uma carona com os guardas na base do Monte Sunder, e o levariam pelo resto do caminho, montanha acima, até o castelo.
O castelo de Aloriya ficava bem no limite da floresta, entre os cumes das Montanhas Lavanda. As torres se erguiam como hastes de ossos quebrados em direção às estrelas. Era muito mais bonito de noite, quando todas as janelas ficavam douradas e calorosas, espantando o frio que se agarrava a elas durante o dia, iluminada como um corpo que, por fim, havia encontrado a própria alma.
Depois que papai se pôs a caminho do castelo, tirei o avental, servi-me do restinho de café que havia na prensa e saí para o jardim. Faltavam vinte e cinco minutos para as oito da manhã; a loja não abria oficialmente até às oito em ponto. Meu dedo ainda sangrava um pouquinho, então esfreguei-o na moldura da porta. Um musgo verde cresceu ali formando uma trilha verde, como uma pincelada de tinta na madeira desgastada.
Sentei-me no banquinho de pedra ao lado da porta e recostei-me na casa.
Os jardins eram pequenos, mas as cores compensavam a falta de espaço: folhas verdes e flores de todas as cores desabrochavam nos caules e na treliça que levou décadas para escalar a parede da casa. As rosas medravam nos canteiros laterais, e flores estranhas, no formato de estrelas, amontoavam-se nos cantinhos do terreno, onde mamãe plantara um punhado de sementes exóticas vindas da Floresta Selvagem. Papai e eu não as vendíamos, talvez fossem apenas flores ou talvez estivessem amaldiçoadas. Por mais que não quiséssemos nos separar da lembrança que tínhamos de mamãe, não poderíamos arriscar espalhar parte da Floresta Selvagem pelo reino.
A vila sabia que mamãe tinha vindo de fora de Aloriya, e isso não ajudava em nada as minhas chances de arranjar um namorado. Havia uma quantidade limitada de jovens em Vila-no-Vale, e eu tinha frequentado o jardim de infância com quase todos eles; conhecíamos as histórias um dos outros: de onde vínhamos, quem pretendíamos ser algum dia, com quem desejávamos nos casar. Mas ninguém rendia tantas fofocas quanto eu, a garota cuja mãe era estrangeira. Mais tarde, a garota cuja mãe havia se perdido na floresta. As implicâncias foram poucas no começo, mas eu sinceramente não tinha tempo para quem podia apenas “relevar as minhas esquisitices”.
Também não ajudava o fato de que a maioria da vila pensava que a minha melhor amiga era uma raposa tola que nunca se afastava de mim, não importava quantas vezes eu tentava fazê-la ir embora. Eu a resgatara da armadilha de um caçador, perto da floresta, dois anos atrás. Desde então, o animal aparentemente achava que éramos inseparáveis.
— Você poderia fazer o favor de parar de fuçar o lixo da padeira? — repreendi o palermazinho enquanto ele se esgueirava ao sair de debaixo do banco com um naco de pão na boca. — Algum dia desses, a sra. Cavenshire vai te pegar no flagra.
A raposa pareceu não se importar. Ela nunca se importava. O animalzinho manteve o hábito de vasculhar o lixo da padeira e de, logo em seguida, esconder-se no nosso jardim, esperando que eu mantivesse os perdigueiros longe quando viessem nos xeretar. Nesse momento, a raposa saltou para o banco acomodando-se ao meu lado e me lançou um olhar inescrutável.
— Entendi — murmurei, e cocei atrás de suas orelhas. Ela começou a ronronar, o que, provavelmente, era a coisa mais encantadora que sabia fazer. — Chegou o grande dia, sabia? A Anwen vai receber a coroa. Ela se tornará a rainha Anwen Sunder.
A raposa deu um bocejo preguiçoso, e uma voz interrompeu a minha solidão matinal.
— “Rainha” me parece um título terrivelmente pretencioso.
Olhei para o pergolado do outro lado do jardim quando um jovem pálido e desengonçado, vestindo uma calça surrada que mal chegava aos tornozelos, uma camisa de botões amassada e um colete marrom surgiu. Trazia consigo dois croissants frescos nas mãos, direto da padaria vizinha, e um largo sorriso no rosto, que fazia seus olhos cerúleos brilharem. Uma longa mecha de cabelo dourado tinha escapado da boina, revelando a verdade. Como se toda a graciosidade não o tivesse feito.
— Você não deveria estar no castelo? — perguntei à princesa de Aloriya, enquanto ela me entregava um dos croissants.
— Quietinha. Coma — disse Anwen, erguendo a raposa e colocando-a no colo ao se sentar no lugar do animal.
Enrolei uma mecha do seu cabelo dourado no meu dedo.
— O seu disfarce está indo por água abaixo.
— De novo? — Wen emitiu um som descontente e tirou a boina. O cabelo longo e dourado escorreu pelos ombros e chegou ao finzinho de suas costas em cachos suaves. — Não importa, você me reconheceria se eu fosse um menino ou, sei lá, uma cabra.
Eu ri.
— Espero que sim; somos amigas desde os seis…
— Cinco — corrigiu ela.
— Tem certeza?
— Foi logo depois que o seu pai te pegou cortando o próprio cabelo, e você ficou com uma franjinha assim… — Ela angulou os dedos na diagonal ao longo da testa. — Acha que eu me esqueceria de algo assim? Levou semanas para o meu irmão parar de zombar de você.
Estremeci ao lembrar e entreguei a ela a xícara com o café.
— Bem, eu com certeza havia me esquecido disso até esse exato momento. Seu irmão me odiava.
— Acho que ele nunca te odiou — disse ela, e tomou um gole do café para ajudar um pedacinho do croissant a descer. — Sinto saudade dele.
— Eu também.
Ficamos sentadas, tomando o nosso café da manhã em silêncio.
Ainda havia muito a ser feito antes da coroação. Eu precisava terminar as decorações com as rosas e cuidar dos arranjos que estavam na floricultura, tudo antes de encher a carroça e ir para o castelo ajudar papai na preparação pelo resto da tarde. Fiquei exausta só de pensar nisso. Uma pequena parte de mim queria que a coroação nunca chegasse. Porque tudo mudaria quando Anwen fosse coroada.
Ela acariciou a raposa atrás das orelhas.
— Cerys, você acha que vou ser uma boa governante? Tão boa quanto o meu irmão seria?
Assustei-me com a pergunta.
— Por que não seria?
Ela deixou a raposa mordiscar o restinho do croissant e deu de ombros, indiferente.
— E se… E se a coroa não funcionar comigo? Papai morreu tão de repente, e ele nunca me deu a chance de usá-la. Ela deixa a maldição e as criaturas da floresta longe do reino, mas como? — Anwen esticou a mão e, enquanto esfregava o polegar no indicador, uma chama surgiu no ar. Eu perdia o fôlego sempre que ela invocava a magia que corria pela sua antiguíssima linhagem. A mesma magia que assolara a floresta amaldiçoada trezentos anos antes. A chama tremeluziu na pontinha dos dedos da princesa. — Eu faço alguma coisa? Eu não sei de nada.
— Você vai dar um jeito; afinal de contas, é uma Sunder. Está no seu sangue, na sua magia — respondi, repousando a mão sobre a dela para sufocar a chama. — E sempre que precisar de mim, estarei aqui. Sempre estarei aqui por você.
— Promete?
Eu era a filha do jardineiro real. Não havia qualquer outro lugar onde eu deveria estar.
— Prometo, Anwen Sunder.
Um sorrisinho agraciou o rosto dela.
— Obrigada.
Compartilhamos o restinho do café, enquanto a névoa fresca da manhã, que rodeava a Vila-no-Vale, ascendia aos poucos. O sol dourado brilhava, o céu estava azul, e a primavera, devagarinho, aquecia o ar. Papai tinha razão. Seria um dia lindo.
A raposa balançou a cabeça, tendo se cansado de nós, e saltou do colo de Wen. Ela começou a se esgueirar pelos jardins.
— Se você comer os morangos… — alertei-a.
Wen bufou.
— Ele é uma raposa, não vai te ouvir. Sinceramente, não sei por que você o aguenta.
Inclinei a cabeça.
— Algum dia, ele dará um belo de um chapéu.
Ela riu, então, repentinamente, virou-se para mim.
— Cerys, você participaria da minha coroação hoje?
Levei alguns segundos para reagir.
— Oi?
— Você e o seu pai. Quero os dois comigo no terraço e não escondidos perto da parede do jardim. Vocês são como uma família para mim. Não consigo me imaginar dando início ao meu reinado sem vocês. Você… é a única que realmente entende. — O olhar dela se voltou, cheio de hesitação, para o limite da floresta. A linha de árvores bonitas e verdejantes parecia inocente, mas disfarçava a maldição que existia ali dentro. — Se eu não tivesse você na minha vida… Eu estaria sozinha.
Mas, se você não me tivesse na sua vida, talvez o seu irmão ainda estivesse vivo, pensei, antes que eu pudesse me impedir.
Wen sorriu, cheia de incerteza.
— Você vai participar? Por favor?
Era uma honra, sem mencionar que estaríamos quebrando a tradição. Apenas quem era muito importante para a linhagem real tinha a permissão para ficar nos degraus, durante a coroação, com o herdeiro consagrado. Meu pai e eu éramos simples jardineiros, não governávamos países nem salvávamos vilas de desastres. Cuidávamos das flores. Nós as ajudávamos a desabrochar.
Anwen me pedia para ser uma daquelas pessoas importantes, e meu coração ficou quentinho com a possibilidade. Eu quis chorar.
Mas, quando voltei a olhar para os olhos dela, vi apenas a floresta, rodeando-nos todos aqueles anos atrás. Igualzinha ao dia em que Wen e eu sobrevivemos.
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